OS PRODUTORES

António Marques da Cruz

Leiria

O Produtor
chama-se António Marques da Cruz, nasceu e cresceu em Leiria e faz vinho desde que se lembra de ser gente. O seu trisavô também produzia vinho e também se chamava António Marques da Cruz, tal como o filho, o neto e o bisneto. O António (o nosso António, o da fotografia) tinha – inevitavelmente - de produzir vinho; mesmo tendo feito formação em economia em vez de agronomia, e tendo tentado contrariar o destino com outro emprego que manteve quase até aos 40 anos. Hoje, quando o visitamos, percebemos que faz parte daquela paisagem, que se recentrou através dela.

Ela é a Quinta da Serradinha. Situada em Leiria, no sopé da Serra d’Aire, a 18 quilómetros do mar, tem cerca de 20 hectares de terreno dos quais 6 são vinha. Estes 6 hectares costumam ser lembrados como um dos berços da agricultura biológica em Portugal. Convertida a partir de 1978, quando o pai do António visitava frequentemente regiões vinícolas francesas, onde os produtores começavam a questionar-se acerca dos danos causados pelos químicos de síntese na agricultura. Em Portugal nada disto era um assunto… Nessa altura, na Serradinha, as vinificações eram feitas por uma pessoa sozinha na adega, servida de uma panóplia de máquinas que transportavam e esmagavam a uva para fermentar em enormes tanques de inox. Um dia, o pai do António - que visitava regularmente a zona de Bordéus - decidiu pôr prego a fundo e seguir de carro até à Borgonha, para conhecer a região e passar uma semana. Ficou lá um mês… Quando voltou desfez-se dos tanques de inox e passou a fazer os vinhos em barrica com pisa a pé. Creio que ainda lá está um tanque de 20 mil litros. Vazio evidentemente… É uma espécie de museu do século XX, aquele tanque de inox.

Ao contrário do pai - apesar deste ter estado na vanguarda de um movimento, sempre foi um vigneron em “part-time” - o António é mesmo viticultor. Passa onze meses na vinha e um mês na adega. Quando lhe perguntamos porque é que faz o vinho assim, ele responde sempre que não sabe fazer de outra maneira e nem sequer é enólogo. Uma das razões que invoca é não querer mexer em químicos no seu trabalho do dia a dia, portanto não os põe na vinha. “Quero trabalhar com a natureza, não contra ela.”

Desde 2015 o António produz outro vinho, fora da Quinta da Serradinha, que dá pelo nome de Coz's. Vinhos da região de Lisboa (Serra de Montejunto) feitos a meias por ele e pelo seu companheiro de vinha Tiago Teles.

O método: Os tintos maceram durante a fermentação em velhos balseiros de carvalho francês ou no lagar de cimento situado no piso de cima da adega. No fundo do lagar está um buraco por onde o vinho desce por gravidade para ser depositado mais tarde nas barricas usadas (o António nunca compra barricas novas…) e descansar por dois invernos. Os brancos fazem sempre uma curtimenta rápida de 24 a 48 horas; apenas o suficiente para enriquecer a textura do vinho sem lhe dar um caráter macerado. Segue-se a fermentação, toda ela feita em barrica. Os rosés, desde 2013, são fermentados e estagiados em talhas de barro centenárias, mas isto é mera curiosidade; o António não faz questão que se saiba, nem divulga esta informação no rótulo. A gama de vinhos da Serradinha não é exatamente uma gama à procura de um perfil de consumidor; ela é o mero substrato engarrafado daquilo que é a vinha.

PRODUTOS DESTE PRODUTOR

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